einstein (São Paulo). 21/dez/2021;19:eED6680.
Melanoma: implicações da falha diagnóstica e perspectivas
DOI: 10.31744/einstein_journal/2021ED6680
O melanoma representa apenas cerca de 5% de todos os diagnósticos de cânceres de pele no mundo, porém adquire importância muito grande devido ao seu potencial metastático e de levar o indivíduo ao óbito.() No Brasil, em 2019, ocorreram 1.978 mortes pela doença, e a estimativa era de 8.450 casos novos para o ano de 2020.() Estudo recentemente publicado com dados brasileiros mostrou que a incidência média em homens aumentou de 2,52 para 4,84 e, nas mulheres, de 1,33 para 3,22 casos/100 mil habitantes no período de 2000 a 2013.() A melhor conduta para o melanoma continua sendo seu diagnóstico e tratamento precoces, que é curativo em 95% das vezes, quando o melanoma está localizado somente na pele.() A falha no diagnóstico precoce de um caso de melanoma localizado pode trazer muitas consequências ruins para o paciente. Quanto maior o tempo perdido para se diagnosticar, pior se torna a situação. O impacto sobre os gastos com saúde pelo Sistema Único de Saúde (SUS) aumenta exponencialmente nos casos mais avançados.
Não existem muitos dados sobre o custo do melanoma no Brasil. Estudo em 2009 mostrou que 95,8% de todo o gasto no estado de São Paulo com o melanoma foi destinado ao tratamento dos pacientes nos estádios III e IV.() Esse estudo foi feito quando o tratamento dos casos avançados envolvia apenas interferon alfa e dacarbazina. No caso de utilização da terapia-alvo e imunoterapia, o custo certamente aumenta, como foi mostrado em estudos recentes na Austrália e na França.(,) Entretanto, esse investimento se refletiu na sobrevida dos indivíduos. Há 10 anos, a taxa de sobrevida em 5 anos dos pacientes com melanoma metastático era de apenas 10% com quimioterápicos como dacarbazina, paclitaxel e carboplatina. Com as novas medicações, essa sobrevida em 5 anos foi para 52% para a combinação de ipilimumabe + nivolumab (duas imunoterapias).()
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