einstein (São Paulo). 08/mar/2016;14(2):288-9.

Evolução imunofenotípica de populações de blastos na leucemia mieloide aguda pediátrica

Welbert Oliveira , Rodolfo Patussi , Nelson , Nydia Strachman , Paulo Vidal

DOI: 10.1590/S1679-45082016AI3516

A leucemia mieloide aguda (LMA) origina-se a partir do acúmulo de blastos anormais na medula óssea, interferindo na hematopoiese.() A citometria de fluxo multiparamétrica é uma ferramenta importante e muito conhecida para o diagnóstico de LMA e para o monitoramento de doenças residuais mínimas.() Porém, essa técnica ainda é pouco explorada para elucidar a evolução clonal da leucemia. Apresentamos observações laboratoriais de um caso de LMA em paciente pediátrico, em que os dados da citometria de fluxo multiparamétrica evidenciaram histórico clonal de leucemia a partir do diagnóstico por meio de episódios de recidiva.

Criança de 7 anos de idade, diagnosticada como LMA com maturação com cariótipo complexo, FLT3 selvagem, negativo para 11q23, inv(16), t(9;22), e para t(8;21). A análise citométrica mostrou duas subpopulações distintas de blastos CD34(+) em medula óssea com 72,5% de expressão de blastos CD34/CD33/CD117/CD11b/CD56, e 16,1% expressando o mesmo marcador com CD7 adicional. Após tratamento, a doença residual mínima foi monitorada até atingir remissão imunofenotípica. Após 6 meses do início da terapia, o paciente apresentou recidiva com 75,1% de blastos em medula óssea, dividida em três subpopulações distintas: 42% de expressão de CD34/CD117/CD11b/CD56/CD7 (essa população persistiu a partir do diagnóstico), 22,5% de expressão de altos níveis de marcador CD19 de célula, e um terceiro expressando níveis menores de CD19 (10,5% das células). Diferente do perfil diagnóstico, todos os clones foram CD7(+) ( a ). O tratamento reduziu a carga da leucemia para 0,04% e o transplante de doadores não aparentados foi realizado. Três meses após o transplante de medula óssea, o paciente teve recidiva, com 62.9% de blastos na medula óssea, todas elas expressões de CD19, apresentando, porém, duas populações imunofenotípicas diferentes: CD34/CD33/CD117/CD11b/CD19/CD56/CD7 (40%) e outra ausência de CD56 e CD7 (22,9%) (). Após quimioterapia adicional, o paciente persistiu com a doença. Na última avaliação, foram encontrados 39,7% de blastos na expressão CD7/CD56/CD19 da medula óssea e citoplásmico CD3. Uma pequena fração (5%) dessas células apresentou baixos níveis de CD19, sugestivo de uma subpopulação distinta (). Curiosamente, ambas as populações apresentaram ausência de expressão mieloperoxidase, porém mantiveram os marcadores mieloides originais (CD33/CD117/CD11b). O monitoramento de imunofenótipos de blastos durante a progressão da LMA permitiu presumir o histórico de clone da doença, que revelou a complexidade do caso (). Na quimioterapia, observou-se desaparecimento completo de algumas populações de blastos, enquanto outras persistiram e originaram novas subpopulações na recidiva subsequente.

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Evolução imunofenotípica de populações de blastos na leucemia mieloide aguda pediátrica
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