einstein (São Paulo). 15/dez/2021;19:eED6552.
Taxas decrescentes de cobertura global da vacinação de rotina em meio à sindemia da COVID-19: um grave problema de saúde pública
DOI: 10.31744/einstein_journal/2021ED6552
No fim de 2019, um novo coronavírus, denominado coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2), começou a se propagar na cidade de Wuhan, na China, causando um surto de pneumonia viral altamente transmissível e potencialmente grave. Essa nova doença, conhecida como doença pelo coronavírus 2019 (COVID-19), avançou rapidamente pelo mundo e passou a ser considerada uma pandemia em março de 2020.( , )Contudo, em artigo recente, a COVID-19 foi redefinida como uma sindemia, já que o contexto de desigualdade social e econômica tem aumentado os efeitos adversos da infecção pelo SARS-CoV-2, junto de diversas outras doenças não transmissíveis.( )Em uma tentativa de reduzir as taxas crescentes de morbidade e mortalidade da COVID-19 em todo o mundo, as sociedades em geral têm buscado limitar a procura por assistência em estabelecimentos de saúde, objetivando diminuir os efeitos negativos associados.( , )
A doença tem levado, por sua vez, à interrupção de vários setores essenciais, como comércio, viagens e serviços de saúde. Diante das medidas de confinamento globais ( lockdowns ), os serviços de saúde de rotina, bem como os procedimentos cirúrgicos eletivos, têm sido suspensos em diferentes níveis de atenção à saúde. Além disso, profissionais da área da saúde têm sido capacitados e realocados, priorizando-se o atendimento a pacientes com quadro clínico grave da COVID-19. Ao mesmo tempo, a sindemia tem descontinuado a oferta da vacinação de rotina para todas as faixas etárias, principalmente aquelas voltadas para a população infantil. Os atrasos, a reestruturação ou mesmo a suspensão da vacinação de rotina podem levar a um aumento no número de infecções e mortes causadas por doenças imunopreveníveis. Desse modo, parte considerável da população pode também se tornar suscetível a doenças previamente controladas ou erradicadas.( )As medidas de prevenção e controle para evitar a propagação da COVID-19 têm dificultado a continuidade dos programas de vacinação infantil e em massa em todo o mundo, colocando milhões de crianças em risco de contrair outras doenças potencialmente fatais, as quais são preveníveis por imunização.( )As campanhas de vacinação mais prejudicadas incluem as de sarampo, poliomielite, difteria, coqueluche, tétano e meningite. Desse modo, algumas doenças imunopreveníveis estão agora ressurgindo, colocando populações locais em risco.( )
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